Bem Vindos!

Este espaço é destinado a todos aqueles que buscam a elevação espiritual e também colaborar com a elevação espiritual do planeta. Transformando este mundo em um mundo de paz e luz. Isto de forma simples e direta de modo que qualquer pessoa possa seguir as instruções e transformar-se em um Trabalhador da Luz.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Jaiva-Dharma VI

Jaiva-Dharma VI


Capítulo 6
Natureza Eterna da Alma, Raça e Casta

                Devidasa, o filho de Lahiri Mahasaya, era professor e sempre esteve convencido de que somente os brahmanas são elegíveis para mukti (liberação). Pertencendo a família de brahmanas, ele também acreditava que somente tal tipo de nascimento permitisse que características brahmínicas fossem estabelecidas. Portanto, ao ouvir o descendente de muçulmanos Kazi Sahib se colocar quanto à sua devoção vaishnava, ele se inquietou, não compreendendo porque os demais vaishnavas e, principalmente, o Babaji Mahasaya devotaram tanto respeito àquela pessoa, tida para ele como de casta inferior. Naquele dia, o Pradyumna-kunja recebeu a visita de outros brahmanas, trazidos de um vilarejo próximo por Devidasa, os quais também questionaram os vaishnavas locais por terem se associado com muçulmanos.
                Foi então organizado um debate entre os brahmanas e os devotos vaishnavas, dirigido por Vaishnava dasa. Krsna Cudamani, um dos visitantes, começou, apresentando uma primeira objeção: “É jati (casta) invariável (nitya)? Hindus e muçulmanos não pertencem a diferentes castas? Os hindus não se tornam decaídos por se associarem com muçulmanos?” Vaishnava dasa explicou que sim, há uma distinção entre castas, mas esse tipo de jati não é eterno. Humanos pertencem a uma única casta, uma mesma espécie, as demais subdivisões dessa unidade são inventadas, e se baseiam em diferenças de linguagem, país, estilos de vestir e cor da pele. Além do que, respondendo a outras questões levantadas por Cudamani, Vaishnava dasa deixou bem claro que qualquer pessoa é elegível para bhakti (serviço devocional), independente do sexo do seu corpo, nacionalidade ou credo de sua família de origem.
                Ele apresenta algumas passagens dos sastras que corroboram com suas colocações, porém, mesmo assim, Cudamani continua a contra-argumentar. Ele quer saber como “o defeito de um nascimento degradado pode ser removido” e se isso pode acontecer sem que haja outro nascimento. Vaishnava dasa, citando novamente passagens dos sastras, afirma que os frutos de atividades de vidas anteriores podem ser destruídos através do cantar dos santos nomes (nama-sankirtana), o que corrobora com o que conhecemos a partir da aplicação das Leis Alquímicas. Recitar mantras, decretos ou outros tipos de afirmações, apelos e orações, causa-precipita conformações sutis da consciência humana que podem levar a quem canta/recita à perfeita sintonização com Sri Krishna e seus Sinceros Servidores.
                Cudamani pergunta por que então estes seres sem casta que cantam hari-nama não podem realizar yajnas e outras atividades brahmínicas, ao que o devoto comenta que tais atividades são materiais, enquanto o cantar dos santos nomes é espiritual. Alguém que está qualificado para exercer a funções espirituais pode não ser elegível para determinadas funções materiais, mas apenas devido a convenções sociais, as quais nada têm a ver com sua qualificação espiritual. Há causas que fazem com que alguém seja suscetível para algum tipo particular de trabalho, o que é fonte da elegibilidade para o karma, enquanto a fonte de elegibilidade parabhakti é tattvika-sraddha, a fé na Verdade Absoluta. Qualidades são atreladas às diferentes naturezas dos varnas (brahmanas,ksatriyasvaisyassudras e antyaja (sem casta), mas elas se desenvolvem no ser humano não apenas de acordo com seu nascimento, pois há muitos fatores responsáveis por isso, os quais, ao longo de uma vida, têm influência sobre as qualificações de uma pessoa para tipos de ação em particular.
                Tattvika-sraddha é a fé pura em Bhagavan, que dá origem à intenção espontânea de atê-lo, sem interesse orgulhoso por prestígio ou outros interesses mundanos. Sraddha é única causa da elegibilidade para bhakti, o que é reforçado na fala de Vaishnava dasa, que cita vários versos do Srimad-Bhagavatam, nos quais o próprio Sri Krishna confirma que o sadhaka que desenvolveu fé em Sua Suprema Personalidade, com desapego das atividades fruitivas, torna-se apto a adorá-lo com amor e fixa determinação. E porque Cadumani sugere a possibilidade de questionar à autoridade desta escritura, o devoto cita também versos do Bhagavad-Gita, que é escritura mais amplamente aceita, e na qual há a confirmação da supremacia de bhakti-yoga. Ele comenta: “Assim que Bhagavan se estabelece no coração, maya, que enlaça as jivas em ilusão, é imediatamente dissipada. Não há necessidade de nenhum outro método de sadhana”.
                Mesmo com tantos argumentos, a mente do brahmana ainda insiste em acreditar que a determinação de castas por nascimento é superior ao processo comentado pelo vaishnava. Este então reforça que fé (sraddha) está na natureza eterna da alma (nitya-dharma), mas a crença na execução dos deveres do sistema de castas está na natureza circunstancial da alma (naimittika-dharma); e explica o significado de sraddha, que é característica do coração que não deseja nada além de servir a Sri Krishna, o que se caracteriza por seu sintoma externo, que é saranagati, rendição ao Senhor Hari. A rendição em si tem seis sintomas: (1) fazer apenas o que é favorável para bhakti (anukulyasya sankalpa); (2) rejeitar o que é desfavorável (pratikulyasya varjanam); (3) fé que Bhagavan é o único protetor (raksisyatiti visaso); (4) dependência completa de Bhagavan (nirbharata); (5) submissão ao Senhor (atma-nivedana); e (6) humildade (karpanya).
                Sraddha nasce de sukrti (atividades piedosas), ele continua explicando, a qual pode ser de dois tipos: nitya-sukrti, ativada a partir do contato com atividades devocionais e devotos; e naimittika-sukrti, produzida por karma-yoga e jnana-yoga.  A primeira é transcendental e eterna, enquanto a segunda é temporária e circunstancial. Atividades devocionais, como limpeza de um templo do Senhor Hari, oferenda de uma lamparina para Tulasi e observação de jejuns no Ekadasi são mencionadas por Vaishnava das. Dentro da Senda Alquímica temos diversas funções co-criativas da Grande Ordem que precisam ser realizadas, e que nos gratificam por estarmos servindo ao Senhor através delas, como a propagação de métodos de depuração e elevação da consciência, a realização de cerimoniais de purificação, o direcionamento de precipitações para que o Plano Divino venha a se manifestar em meio à sociedade humana, dentre outras. Tudo isso, quando realizado, se faz devido à fé e à rendição que nos leva a adquirir as habilidades necessárias para que possamos co-criar conscientemente, segundo as Leis Superiores.
                Para finalizar, os dois ainda travam conversação sobre a suposta diferença que Cudamani insiste em querer ver entre Aryans e Yavanas. Vaishnava dasa diz que a diferença que existe não pertence à realidade absoluta, mas sim a costumes mundanos. Sri Krishna libera a todas as pessoas e, portanto, todos têm igual oportunidade de ater à Suprema Meta da vida. Ele ainda comenta que enquanto alguém permanece um Yavana, vaishnavas não têm interesse na associação com eles, mas quando um deles se torna um vaishnava, ele deixa de ser considerado Yavana; e aponta para o maior valor de um sem casta que tenha adquirido à natureza brahmínica, e se dedica plenamente a servir aos pés de lótus de Sri Krishna, em relação ao brahmana de nascimento que não tenha verdadeiras qualidades brahmínicas. Após tais conclusões, as certezas dos brahmanas ficaram abaladas, e o debate é finalizado.
Postado por Sri Krishna Madhurya às 20:48 Extraído do blog: http://religiaobhagavata.blogspot.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Esteja a vontade para postar seus comentários, porém mesmo passará pela moderação antes de ser publicado. Grato