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quarta-feira, 17 de julho de 2013

Jaiva-Dharma IV

Jaiva-Dharma IV

Capítulo IV
A Natureza Eterna do Vaishnava (Vaisnava-Dharma)

Lahiri Mahasaya se aloja em um kutira (cabana), próximo ao de Vaishnava dasa, porém, pouco acostumado com a vida na floresta, se amedronta perante uma cobra que vê. Seu mestre espiritual o tranquiliza, explicando que o corpo material não é eterno e, quando ele colapsa pelo desejo de Krishna, ninguém pode salvá-lo por meio de nenhum esforço. “(...) enquanto o momento designado para a morte do corpo não tiver chegado, uma cobra não pode prejudicar uma pessoa, mesma que ela esteja dormindo próxima à mesma”, disse ele. E acrescentou que um Vaishnava não deve ser temoroso, pois, se deixar que sua mente se agite com medo, como poderá fixar a atenção nos pés de lótus de Sri Krishna? O Vaishnava deve, ao contrário, elevar-se na devoção ao Senhor, tornando-se querido por todas as almas (jivas).

Ao ouvir tal consideração, Lahiri Mahasaya desejou saber mais sobre a conexão que há entre nitya-dharma e vaisnava-dharma, que lhe parecem idênticos. Então, Vaishnava dasa explica-lhe que existem dois tipos de vaisnava-dharma, um puro e outro adulterado. Ele coloca como práticas adulteradas as práticas smartas, o que inclui a sistema dapancopasana de adoração, no qual Vishnu é adorado ao mesmo tempo em que Surya, Ganesha, Shakti e Shiva. Esse sistema se baseia na realização do indefinido e sem qualidades nirvisesa-brahma, considerado como o princípio último, e seus praticantes adotam karma yoga. Desta forma, a adoração de Vishnu praticada por smartas não pode ser considerada como manifestação de suddha vaisnava-dharma, pois a adoração pura a Bhagavan Sri Krishna não pertence a karma oujnana, mas sim a suddha-bhakti (bhakti pura).
Suddha-vaisnava-dharma, por sua vez, existe de acordo com diferentes humores: dasya (servidão), sakhya (amizade), vatsalya(afeição parental) e madhurya (amor conjugal), segundo o tipo de relação que a alma experimenta com o Senhor. Portanto, a concepção pessoal da Verdade Absoluta (bhagavat-tattva) é a única que permite o serviço devocional puro (bhakti), que é referido como suddha-vaisnava-dharmanitya-dharma ou jaiva-dharma. Outros tipos de dharma, voltados ao brahman e Paramatma são naimittika, transitórios e circunstanciais.  Desejando ser instruído em torno de tais questões, Lahiri Mahasaya pede ao Babaji Mahasaya por seu abrigo e, como resposta, ouve outras instruções adicionais a respeito dos três princípios fundamentais do vaisnava-dharma: conhecimento da relação com Bhagavan (sambandha-tattva), os meios para ater à meta última (abhidheya-tatva) e a meta última em si (krsna-prema).
O Babaji explica que sambandha-tattva inclui: o mundo material (jada-jagat), as almas viventes (jivas) e Bhagavan. Bhagavan é o todo atrativo, Fonte de toda opulência e doçura, e o único abrigo das jivas. “Através de sua potência divina, conhecida como aisi-sakti, Ele manifesta as jivas e o mundo material, e então entra no mundo como Paramatma, que é sua expansão parcial”, comenta. Sem a compreensão de sambandha-jnana não pode haver devoção pura, e o Babaji Mahasaya explica por que. Ele diz, “A mais elevada realização para os Vasnavas é o desenvolvimento de bhava, o primeiro broto de prema, e a base das emoções transcendentais”. Os que buscam por fusão com o indiferenciado brahman não tem acesso a prema e suas emoções são poluídas por jnana, sendo assim, é necessário que haja compreensão de sambandha-jnana para que possa haver amor puro por Bhagavan.
O indiferenciado brahman é uma manifestação parcial e impessoal de Bhagavan, e existe simultaneamente e em harmonia com a Pessoa Suprema, que é a Absoluta Verdade. Os vaishnavas não tem fé significativa no aspecto impessoal de Deus, pois ele não permite haver prema. A forma de Sri Krishna é sac-cid-ananda, sempre existente, plena de Conhecimento e completamente bem-aventurada, e seus nascimentos não têm conexão com a matéria mundana, explicou o Babaji, que passa a responder uma série de perguntas do seu novo discípulo. Dentre as respostas que formula, ele pretende fazer Lahiri Mahasaya entender que pessoas com inteligência mundana podem interpretar e descrever de maneira deturpada aos nascimentos de Sri Hari. Os que estão verdadeiramente preparados para compreender e falar sobre os passatempos transcendentais do Senhor são os que espiritualizaram suas meditações. “Internamente, eles estão situados no mundo espiritual, enquanto meditam nos passatempos diários de Krishna e saboreiam da bem-aventurança dos seus serviços confidenciais”.
Lahiri Mahasaya pede pela misericórdia da realização espiritual (cid-anubhava), ao que o Babaji lhe instrui a abandonar toda a argumentação mental e à lógica mundana para, ao longo de alguns dias, apenas cantar sri-Krsna-nama, porém, após ter compreendidosambandha-jnana. Ao comentar os dois tipos de jiva (mukta ou liberada e baddha ou aprisionada), o Babaji radicaliza seus comentários, concluindo que apenas os Vaishnavas genuinamente se empenham a fim de ater a meta última. Neste ponto considero que realmente a compreensão de Deus que o Vaishnavismo permite é praticamente insubstituível do ponto de vista da prática transcendental, mas não se deve desprezar às demais buscas não vaishnavas e, sendo assim, me dou a liberdade de discordar do tom autoritário com que o Babaji se coloca no que se refere a este ponto. Tal percepção do vaishnavismo, infelizmente, tem gerado entre muitos devotos de Sri Krishna comportamentos sectários e de desrespeito para com outras linhas de devoção, o que de modo algum pode ser considerado saudável para o ser humano em sua totalidade, composta por tantas maneiras diferentes de se relacionar com o Senhor.

Mesmo assim, como devota de Krishna, realizo que a linha de Fé Bhagavata, estando fortemente fundamentada nos sastras (Escrituras) e contando com práticas amplamente descritas e propagadas, merece de fato ser seriamente analisada por qualquer alma sincera que busque por Deus, como Lahiri Mahasaya. Ele obteve outras explicações do Babaji, a respeito da relação da jiva com Krsna, que descreveram que aquele que está situado na sua forma espiritual perfeita (cit-svarupa), no mundo espiritual, por misericórdia do Senhor, pode beber o néctar do serviço a Ele. Instruindo-o sobre abhidheya-tattva, o mestre instrui o discípulo sobre a importância do abrigo de um verdadeiro vaishnava, que pode orientar ao devoto em sua caminhada, e eu acrescento que este precisa ser uma alma autorealizada, pois do contrário, mesmo sendo sincero em sua devoção, ainda estará sujeito às imperfeições dos seus raciocínios e lógicas pessoais, o que resulta na imperfeição da orientação que ele estará apto a dar a seus discípulos.

O Babaji ainda continua instruindo seu discípulo, mencionando os três estágios de bhakti (sadhana ou prática, bhava ou nascimento do amor divino eprema ou o estagio maduro deste amor) e algumas características de sadhana-bhakti, as quais voltam a ser abordadas mais detalhadamente em outras partes do livro. Acho importante enfatizar aqui que, conforme é colocado pelo Babaji Mahasaya,raganuga-sadhana-bhakti é o serviço impelido pelo amor espontâneo pelo Senhor, no humor dos eternos residente de Vraja, e causa um atrelamento exclusivo ao direcionamento que é dado por Sri Krishna para a vida. Neste estágio é impossível estar-se vinculado a algo que não faça parte do que Ele deseja que o devoto realize e, independente de convenções de qualquer tipo, executamos com o que temos que executar, mesmo que para isso tenhamos que revolucionar às convenções em torno da própria devoção a Sri Krishna.

Postado por Sri Krishna Madhurya às 20:48 Extraído do blog: http://religiaobhagavata.blogspot.com.br/

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