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quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Expansões da Energia Feminina Divina e o Prazer Transcendental de Deus



 "Antes de ler este texto, por uma questão de continuidade dos conteúdos, acessem Relações Conjugais nas Florestas, onde estão disponíveis os links p/ os textos anteriores desta série (Valéria Ornellas)".

               Srimati Radhika é a maha-sakti e encarna a essência condensada da hladini-sakti ou mahabhava-svarupa, desta forma se direciona ao que se pretende abordar a partir dos escritos sobre os quais escrevemos. Comenta-se que Ela é também chamada Gandharva, sendo que o Rk-parisista (suplemento ao Rg Veda) “descreve o imenso brilho de Madhava quando ele está com Radha”. De fato, nos completamos em Amor Transcendental, e tal sensação de estar com quem se ama de maneira tão completa aumenta o que irradia da satisfação de ao sentimento reciprocar. No texto também se menciona que Srimati Radha é a mais bela das consortes de Sri Krishna, de modo a nem precisar de adornos de embelezamento, mas, mesmo assim são mencionados doze decorações (srngara) e doze ornamentos (abharana). Os ornamentos se contêm no aspecto que Ela é, integrando-a no desenho que se faz haver do que Eu penso, traduzindo-a para a Minha própria percepção. Mesmo que não haja como adornar ao que por si só adorna ao profundo olhar, as vestimentas e as demais decorações aumentam a Luz de nos arranjarmos, como parte da intenção de dar forma ao que mutuamente gostamos de nos doar.
O Gosvami descreve ainda que a extraordinária beleza de sua svarupa (forma e/ou natureza peculiar) é aumentada muitas vezes pela suavidade de seu rosto, a elegância dos seus cabelos e demais aspectos corporais. “Não há nada que se compare à sua beleza em todos os três mundos”, comenta-se. Radharani é o que a shakti demonstra pretender Me ofertar a partir de suas mais íntimas interações com o que sente enquanto a personificação da contraparte feminina do Amor Conjugal em sua mais plena perfeição. E Ela sente o que recebe da relação que intercambia com a Fonte de sua própria identidade e, portanto, do que Eu desejo que se faça haver na consciência que a personifica dentro da unidade que há entre Nós. Dela emanam todas as demais conformações do aspecto feminino com o qual co-crio e articulo as demais manifestações da madhura-rasa, de modo que todas as conformações estão nEla e a pertencem. Sendo assim, Sri Radhe é completa e Me agrada plenamente, porque Eu tenho-a como Aquela que Me faz satisfeito estar por ao Amor articular com total Perfeição.

               Então se descrevem e comentam muitas de suas particularidades, as quais as fazem diferente das demais saktis, todas as quais Ela mesma contém. Dentre as inumeráveis qualidades de Sri Radha, o texto que comento menciona as mais proeminentes, como: sua doçura (madhura), jovialidade, brilho, fragrância, arte musical, educação, modéstia, paciência e gravidade. Gosto Eu mesmo de apreciar à sua maneira de interceder no que desejo manifestar, fazendo o que pode a fim de Me satisfazer. Isso é uma qualidade que todas as jivas devem procurar desenvolver e, portanto, Radha é extremamente qualificada como quem detém da Sabedoria da arte de Me servir. Sendo assim, Ela é a mais íntima de todas as expressões que faço haver para ao Meu lado estar, eternamente envolvida com o que às Minhas ações fará complementar. Ela é Sri e também Lakshmi, Rukmini e Sita Devi, além de assumir muitas outras conformações, que se fazem necessárias na interação com o que se expande do Meu pensar acerca da Criação, que se destrói e que se mantém das manipulações que existem entre o feminino e o masculino que estão em Mim.
O que se afirma é verdade quanto ao fato dEla gostar muito de se ocupar com passatempos transcendentais e deles desfrutar. Sri Radhe é sempre ávida a manifestar a excelência de mahabhava, podendo transferir sensações de prema aos que a Ela se associam. Afinal,mahabhava é exclusivo de sua própria percepção, pois se trata do conjunto de sensações que somente a shakti primordial pode experimentar, porque só Ela contém dos elementos que a fazem sentir o que sente quando ao Amor reciproca com sua Absoluta Fonte. Os que dEla se aproximam e, de alguma forma, à Sua influência se submetem podem tirar proveito do que através de Minha potência de prazer podem obter para si mesmos. Conforme o que se explicita as características que a traduzem às percepções são todas transcendentais (aprakrta) e Me agradam perpetuamente. Não há como não haver agrado pleno de quem dá à Sua shakti os aspectos que dão significado ao que lhe agradam em si mesmo enquanto elemento de Sua própria feminilidade, a qual, no entanto, completa-se nas interações com o masculino que Me faz Absoluto ser.
 Radhe é especificamente a gopi que Sri é quando nos envolvemos em passatempos dos ambientes florestais de Vraja, onde, a fim de Me propor o que desejo dEla receber, suas expansões se mostram como muitas pessoas a mais, as quais, no entanto, são aspectos dEla mesma, mostrando-se através de múltiplas formas e em diferentes humores. Tais emanações de si mesma, Ela as mantém como Suas associadas (yuthas), que dão existência a um grupo formado por gopis, todas adornadas por características transcendentais e que Me atraem com olhares, gestos e qualidades. O que se propaga através da obra que estamos comentando, assim como também em outros escritos e comentários, apresenta a classificação das sakhis de Radharani em agrupamentos, sendo o mais importante deles o dasparama-prestha-sakhis, formado por Lalita, Visakha, Citra, Campaka-lata, Tunga-vidya, Indu-lekha, Rangadevi e Sudevi. Como acertadamente é colocado, através dos ensinamentos que o suposto mestre espiritual de Vijaya Kumara o transfere, todas elas têm premapor Radha-Krsna elevado ao extremo, e compõem seus próprios subgrupos de expansões, chamados gana (por exemplo, Lalita gana).

As expansões de Radhika existem conforme uma Lógica que Ela mesma domina e manifesta, fazendo-se expressar na multiplicidade de maneiras de Comigo se relacionar que existe dentro de si mesma. Partindo de tal Lógica, a madhura-rasa se faz existir tanto em svakiya (atração conjugal) quanto em parakiya (atração extraconjugal), existindo o que se pode perceber como três subdivisões de nayika (a heroína das lilas), que são mencionados a seguir: (a) o aspecto mais inocente e inexperiente (mugdha),que é tímida e se deixa controlar pelas amigas, o qual somente consegue buscar por Mim escondida das demais; (b) o aspecto intermediário (madhya), que é o único que demonstra a excelência da rasa, e contêm elementos de ambas as outras duas subdivisões, porém, que é muito mais equilibrado; e (c) o aspecto mais maduro e orgulhoso (pragalbha), de gopis intimidativas e obstinadas. As duas últimas categorias podem ser ainda compreendidas como compostas por nayikas mais experientes (jyestha) e menos experientes (kanistha). Todas elas podem experimentar circunstâncias de gracejo (dhira), seriedade (adhira) e choro (dhiradhira) mediante certos atos conjugais que reciprocamos.
Segundo tal Lógica, que está em Sri ou Radharani, têm-se sete tipos de nayikaem svakiya, sete em parakiya, ocupando as categorias madhya e pragalbha, além de um tipo de mugdha, do que totalizam 15 tipos de nayika. Elas existem em diferentes condições (avasthas), as quais podem ser experimentadas em determinadas circunstâncias. As oito principais são comentadas, e nos interessam para que possamos a um maior detalhamento tecer em torno da Transcendental Geometria que a todas elas contém. Estes estados ou condições se caracterizam por: (a) satisfação de estar indo a um encontro, decorada (abhisara); (b) compenetração em se preparar e ao local de encontro com antecedência (vasaka-sajja nayika); (c) impaciência devido a um atraso Meu (utkanthita); (d) ciúme causado pelo atraso (khandita); (e) desapontamento pela Minha ausência (vipralabdha); (f) ansiedade causada pela separação que a faz reprimir Seu Amor (kalahantarita); (g) angústia devida à separação que causa melancolia e ansiedade (prosita-bhartrika nayika); e (h) satisfação por controlar-Me, quando Me faço submisso a madhavi (svadhina-bhartrika).

Juntando tais condições circunstanciais com a subdivisão subsequente, obtêm-se mais detalhes que contribuem com a compreensão do porquê de tantas gopis. As nayikas podem também ser divididas em outras três categorias, que aparecem no Jaiva-Dharma: (a) as mais exaltadas e rendidas (uttama); (b) as que estão em estado intermediário (madhyama); e (c) as menos preparadas (kanistha). Tais subdivisões se diferenciam de acordo com a intensidade e o amadurecimento do bhavacom o qual reciproco com a mesma intensidade e natureza. Daí se multiplica 15 por 8 (os avasthas) e tem-se 120 tipos de nayikas, que, por serem dispostas nas últimas três categorias, dão como resultado 360 tipos ao todo. Esta manifestação eterna e infinita se refaz incontáveis vezes, de modo que não há como precisar o número de gopis que se fazem manifestar para que Eu possa desfrutar da lila de a tantas expressões do transcendental Amor expressar.
Outro aspecto desta geometria diz respeito às yuthesvaris (líderes das gopis), divididas de acordo com sua boa fortuna em: adhika (grande), sama (moderada) e laghvi (leve); e de novo subdivididas em outros três tipos de comportamento: (a) duronas (prakhara); (b) moderadas (madhya); e (c) suaves (mrdvi). As adhika pertencem a duas sessões: atyantiki (extremo) e apeksiki (comparativo); e todas as interseções que se fazem entre as subdivisões resultam em algum tipo de expressão do aspecto feminino essencial dentro da interação com o masculino que a faz perceber-se e articular-se como o que de fato é. Em tais articulações das yuthesvaris, aquela que não tem ninguém acima dEla é uma atyantika-adhika, e é Radha. Apeksika-adhika são superiores a muitas líderes, enquanto Atyantiki-laghu é a nayika perante a qual todas as demais são superiores.  E assim, tal geometria existe e se mantém, não apenas atrelada à Vrindávana material, mas sim na eternidade da Morada Transcendental, onde Eu estou, contemplando em Meu íntimo a tais conformações do que Eu mesmo (shaktimam) penso e sinto enquanto articulo com o que Ela (shakti) pensa e sente no Meu próprio pensar e sentir a Nossa relação conjugal e suas inúmeras manifestações.

                            Sri Krishna (29/10/2013)

Conteúdo obtido por sintonização, através de Valéria Moraes Ornellas (Sri Krishna Madhurya Devi), Sacerdotisa da Ordem de Zadkiel e co-fundadora da Editora Sétimo Raio, Rio de Janeiro – RJ, e originalmente publicado em http://srikrishnaadishakti.blogspot.com.br. Este material faz parte dos recursos de apoio ao curso de Rasa-Tattva: Princípio do Amor Divino, que será oferecido em breve pela Ordem de Zadkiel, na cidade do Rio de Janeiro. Se desejar divulgar este texto, favor citar devidamente a autoria e a fonte original da publicação.     

Obs.: Estamos estudando o livro Jaiva-Dharma, de Srila Bhaktivinoda Thakura, e, a fim de complementar nossas compreensões e aprofundá-las, Sri Krishna nos ofereceu seus comentários a trechos da parte desta obra que trata de Rasa-Tattva. Este trabalho é feito através de uma parceria, que envolve a leitura e seleção dos trechos que eu mesma faço, porém, sob orientação do Senhor; e seus comentários, os quais transcrevo na forma das explicações que acompanham às descrições do que é apresentado por Srila Bhaktivinoda. O resultado será publicado periodicamente nesta página e constituirá a base de um curso ministrado pela Ordem de Zadkiel – RJ. Veja http://ordemdezadkiel.blogspot.com.br/2013/10/lancamentos-de-cursos-de.html.

domingo, 17 de novembro de 2013

Evolução para se Libertar


               Mesmo que a alma humana queira, ela não poderá deixar de evoluir, porque a ela pertencem as Divinas Leis, as quais espontaneamente a farão compreender que precisa se superar. Muitos caminhos se abrem perante a percepção de quem tem condições de compreender que impulsos e trajetos se fazem para si de acordo com suas habilidades de se proteger do que pode danificar sua existência, mas também segundo as possibilidades de ultrapassar os limites que não devem permanecer, alienando-a da liberdade para evoluir. Torna-se nítido, para quem decide se aprimorar, que as fronteiras que se desenham em diferentes momentos não precisam obrigatoriamente se manter na vida de quem já as experimentou. Se elas existiram apenas para que pudesse haver aquisição de entendimentos, quando outras necessidades surgem, certamente terá que haver transcendência do que já não se sustenta mais.

               Estou sugerindo que a pessoa reavalie suas aquisições constantemente, dando-se espaço para confrontar-se e aos seus saberes com o novo, que para ela não se decifrou. Não se deve fugir da novidade, mesmo que ainda haja muito a se compreender, para que enfim o recém-criado deixe de surpreender. Vivem-se momentos de profunda renovação, e a liberdade se refaz periodicamente, de modo que não existe necessidade de se fechar em um mundo que por tanto tempo lhe pertenceu, se ele já não promove mais seu avanço rumo a um estado de consciência superior. É com pesar que vejo o quanto a alma humana se apega ao que não lhe permitirá se aprofundar, e insiste em se manter como sempre esteve, com medo do que lhe parece diferente do que está acostumada a vivenciar.
               Olhem através do tempo e perceberão claramente que tudo muda com o passar dos anos, inclusive a maneira de se relacionarem entre vocês e para com Deus, a Fonte de todas as relações. Percebam ao seu redor como os mecanismos da vida se modificam com constância e dinamicamente tudo se altera, fazendo com que haja equilíbrio, mas também o caos em certos momentos. Se avaliarem com critérios, compreenderão que o próprio modo de pensar da sociedade em que se encontram está mudando sempre de conformação. Tais mudanças causam novas maneiras de se perceberem em meio ao mundo e, sendo assim, elas precisam estar fundamentadas em princípios os quais lhes garantirão a boa sorte de mudar para melhor.
Escolham, portanto, o que deve ou não constituir aos seus universos pessoais, mas o façam com cautela, para não se deixarem levar pelas ondas de pensamento que turbulentamente se transferem entre pessoas e coletividades, mesmo que às vezes nem sejam tão adequadas para quem pretende de fato se estabelecer em paz e em consciência superior. Sejam seletivos com o que permitem entrar em seus mundos, compondo lhes as perspectivas de se aprofundar nas relações com os valores e opiniões que se propagam nos seus meios. Há certas maneiras de entender a existência que são inexatas e repletas de incompreensões, e elas somente podem ser colocadas a prova por aplicação da Lógica Maior.
Fazer a seleção do que deve ou não lhes influenciar é realmente uma tarefa que exige esforço e autopersuasão. Sejam determinados e persistentes, e terão resultados que compensarão, pois muito lhes será oferecido quando conquistarem melhores condições para saberem reconhecer com mais precisão o que é de fato precioso para suas vidas do que não é relevante para esclarecer suas opiniões. Precisarão desenvolver liberdade mental, mas não confundam este aspecto de si mesmos com a teimosia e a presunção que alguns têm, e que não lhes permite aceitarem orientações dos que estão mais avançados no caminho da vida espiritual. Muitas instruções lhes são doadas para que possam avançar, estabilizando suas maneiras de pensar e de sentir as experiências que se fazem como parte de seus padrões de existir.
Evitem a arrogância que muitas vezes tem cegado algumas almas, as quais mesmo não estando em estado muito avançado de aprofundamento em Conhecimento Transcendental, insistem em acreditar-se autossuficientes, o que as faz permanecer por anos ou até mesmo vidas sucessivas aprisionados a tais falsas presunções. Se existir excesso de humildade isso pode interromper suas oportunidades de aumento de suas autoestimas, mas a falta de tal qualidade pode gerar consequências muito mais desfavoráveis para quem pretende se adiantar nos passos que conduzem ao rumo da Ascensão Espiritual. Existem muitos Seres de Luz que podem orientar aos que buscam por tal condição que eles já alcançaram, portanto, não devem ser nunca negados ou acusados pela própria incompreensão humana.

Sejam determinados e livres, porém, sinceros e humildes, e muito obterão. Não confundam liberdade com presunção e substituam a arrogância por simpatia pelos que estão mais avançados no Caminho da Luz. Para que possam assim o fazê-lo precisarão, no entanto, saber reconhecer o que é coerente do que é inconsistente com o que lhes parecerá mais lógico enquanto estiverem no caminho certo, direcionando-se rumo a um estado de consciência mais avantajado. Quando chegarem ao estágio a partir do qual terão de fato condições de a outros orientar, as oportunidades se farão, e espontaneamente serão requisitados para ao seu espaço ocupar. Há muito a se fazer a fim de propagar o que está lhes sendo disponibilizado neste momento de transição, quando a vida em sociedade na Terra haverá de mudar. Cultivem desde já os valores renovados que se farão necessários e, dentre estes, não deixem de contemplar o amor pela liberdade que os que já se libertaram podem ajuda-los a conquistar.


                          Saint Germain (23/10/2013)

Conteúdo obtido por sintonização através de Valéria Moraes Ornellas (Sri Krishna Madhurya Devi), Sacerdotisa da Ordem de Zadkiel e co-fundadora da Editora Sétimo Raio e do Templo da Fé Bhagavata – RJ, e originalmente publicado em http://missaodesaintgermain.blogspot.com.br. Se desejar divulgar este texto, favor citar devidamente a autoria e a fonte original da publicação.

Conceitos da Nova Era


               Existem muitos termos novos sendo usados para designar conceitos que são eternos, porque descrevem aspectos da Ordem das Esferas. As pessoas conseguem perceber alguns dos detalhes da Totalidade, a partir de suas experiências e, portanto, de acordo com o que suas habilidades de percepção lhes permitem compreender. Observando e coexistindo com eventos e suas consequências, e analisando-os, mesmo que apenas através de breves lapsos do pensar e/ou do sentir, são adquiridos entendimentos. No entanto, a capacidade de raciocinar em torno do que se percebe, às vezes se mostra bastante limitada e, desta forma, certos conceitos são parcialmente compreendidos e descritos também de maneira limitada. Incompreensões e impressões incompletas podem ser, então, propagadas, de modo que outros virão a também se impressionar de maneira incompleta em torno de determinadas questões.

               Uma cadeia de eventos se sucede, fazendo com que mesmo definições inconsistentes se tornem aceitas, até que, outras opiniões mais amadurecidas acerca das mesmas ideias venham a substituir o que não se aprofundou antes por causa da falta de aptidão das percepções que antecederam a tal processo de amadurecimento. Tudo isso é muito natural, e uma mente mais avantajada colabora com outras mentes que, passado algum tempo de desenvolvimento de determinadas construções conceituais, virão a compreender o que ainda não tinham tido oportunidade de entender através de momentos de maior limitação de suas interpretações. Desde que se dê espaço para que a mente e suas manifestações se reconstruam continuamente, nada se perderá, nem mesmo o tempo que foi gasto com os estudos que levaram a conclusões que eventualmente precisarão ser reavaliadas, e até mesmo substituídas pelo que se mostra mais coerente com as co-criações conceituais que estão sendo dispensadas continuamente para o pensamento coletivo.
               Há uma coleção de muitos achados nesta Nova Era, onde tudo recomeça, inclusive a interação das pessoas com o conhecimento e as práticas que a vida exige, através das quais a alma humana se relaciona com o mundo, com as demais almas suas coexistentes e com Deus. Termos que eram inéditos há alguns anos, já se mostram fortemente aceitos, bem como seus significados, embora ainda haja uma maioria populacional que não sabe da existência de muitos de tais nomes e dos conceitos que eles contêm. Alguns elementos que antes pareceriam conteúdos de obras de ficção, agora já se podem começar a entender. Porém, muito aprofundamento ainda haverá de ter, para que de fato exista uma fração mais significativa da humanidade ancorando um padrão de consciência mais elevado, de modo a favorecer a todos os demais seres viventes deste globo.
               Resta entender que nem tudo o que se descreve atualmente é verdadeiramente conteúdo que permanecerá, pois o incompreendido terá que ser desarticulado, para que se faça a Luz da perfeita compreensão ainda necessária em torno de determinadas questões. Confusões que estão sendo co-criadas através da mente oscilante e dispersiva de muitos cidadãos, os quais curiosos e estimulados por suas percepções sutis, ainda mal treinadas, buscam descrever ao que pensam estar compreendendo, e, no entanto, nem ao menos estão conseguindo visualizar aos detalhes que precisam para esclarecer aos esboços mentais que estão desenhando a respeito do que pensam estar descobrindo, deverão receber retificação. A Nova Era será rica em descrições e reformulações do que já se tentou descrever e, sendo assim, é essencial que o raciocínio dos que estão causando as atualizações do pensar esotérico e religioso do período se mantenha aberto e ágil nos movimentos de refazer-se.
               Os que insistirem em não transmutar suas compreensões, certamente verão seus propósitos de difusão de conceitos sendo soterrados vigorosamente pelas avalanches de interpretações que lhes estarão sendo precipitadas a partir da Consciência Maior, que está pensando e causando o que deve se evidenciar para os seus mundos como percepções e raciocínios que gerarão aos seus aprofundamentos na Era de Aquário. Por outro lado, os que se fizerem elos dos que povoam à Terra para com as Hostes Superiores, plenamente conscientes do que precisam realizar, se tornarão os verdadeiros responsáveis pela mudança de rumos que a nova mentalidade que se formará dará ao mundo ao qual pertencem. Estes deverão ser reconhecidos pelo legado que deixarão, como registro de suas passagens pelo meio onde a materialidade ainda predomina.
              
   Está na hora de haver sinceridade e simplicidade por parte dos que pretendem realmente participar da co-criação do que está sendo traduzido para a mente coletiva desta outra fase para a qual estão se transferindo. Sinceridade significa saber se dispor perante aqueles que lhes sejam, de alguma forma, superiores em avanço espiritual, de modo que, reconhecendo a isso, aceitem darem-se abertura para o que eles podem lhes oferecer de novo, mesmo que na forma de conteúdos que lhes pareçam inéditos às compreensões. Quem se deixa agir de maneira sincera pode se fazer simples de coração, o que faz a pessoa humana mais acessível ao que outros estão dispostos a lhe doar. Esta é uma fórmula bem adequada para tal momento de transição, para o qual há a necessidade de compartilhamento de experiências, mas também de modéstia e humildade, duas qualidades fundamentais para quem irá se fazer receptivo para o que lhe poderá estar chegando através da percepção de outras pessoas que não a sua própria mais diretamente.
               Agucem suas curiosidades e estimulem-se a buscar por aprofundamento nos conceitos que dão outra conformação para a Nova Era. Mas, não sejam incoerentes com o próprio significado da transição planetária que, conforme se prevê, está prestes a acontecer. Transição é precisamente mudança de estado, e as inconformidades irão desaparecer. Para participar de um movimento que envolve transformações, muitas delas bastante profundas e até mesmo radicais, dos pontos de vista mental, astral e físico-comportamental, haverá a necessidade urgente de que alguns teimosos pensamentos desapareçam por completo. Podemos dizer o mesmo a respeito de determinados sentimentos e de certas maneiras de agir em sociedade e perante os meios onde vivem, os quais ainda se mantêm plenamente aceitos no mundo da maioria. Portanto, reforço tratar-se esta de uma Era onde o novo florescerá e ele se formará de muitos conceitos que a maioria das pessoas ainda não mostra condições de compreender. Exorto-os a abrirem-se para o que está lhes sendo outorgado, independente do estranhamento inicial que isso possa lhes causar, pois tudo se esclarecerá na medida exata do tempo que conterá às compreensões que precisam se expressar.

                              Saint Germain (16/11/2013)

Conteúdo obtido por sintonização através de Valéria Moraes Ornellas (Sri Krishna Madhurya Devi), Sacerdotisa da Ordem de Zadkiel e co-fundadora da Editora Sétimo Raio e do Templo da Fé Bhagavata – RJ, e originalmente publicado em http://missaodesaintgermain.blogspot.com.br. Se desejar divulgar este texto, favor citar devidamente a autoria e a fonte original da publicação.

Convenções e Condicionamentos


                 A mente humana precisa de diferentes convenções enquanto ela ainda se encontra condicionada a acreditar-se culturalmente situada. No entanto, alguns tipos de percepção sobre si mesma, porque mudam constantemente, também a fazem mudar de compreensão a cerca de sua própria identidade. Desta forma, existem múltiplas maneiras de a pessoa humana se entender e de se conhecer como alguém que é aquilo que a sociedade a designa. Uma designação cultural exige diversas aceitações e, para que alguém seja aceito como pertencente a algum grupo em particular, este alguém tem que estar dentro dos padrões do que se faz aceito como certo conjunto de peculiaridades. Quem se desvincula de um formato que o caracterizou por certo tempo, em geral, passa por uma fase de adaptação, durante o qual sua própria nova aceitação precisa se estabelecer.
                Por esse motivo, as pessoas mudam gradualmente, porque são muitos os detalhes que as farão diferenciar daquilo que até então as caracterizou. As mudanças externas são mais fáceis de serem transformadas do que as internas e, estas últimas impulsionam as primeiras, mas podem também ser impulsionadas pelas externas. Uma depende da outra, mas certamente os estímulos internos são muito mais importantes para dar direção à condição humana, e eles provém da alma e, portanto, da fonte de tudo o que deve verdadeiramente guiar à mente e o coração de quem se faz reconhecer como pessoa. Porém, nem sempre há perfeita compreensão desta verdade, e muitos são os que se permitem apenas se fazer guiar por valores e opiniões formados pelo meio externo, ou seja, pelos universos mundanos que os cercam. Isso pode ser visto e experimentado de forma expansiva integrando a sociedade a que a humanidade pertence nesta etapa de sua caminhada evolutiva.
                Eu em particular não pertenço à raça humana, mas tenho parte de mim em plena atividade entre os seres que estão usando de corpos e de convenções humanas para se encaminharem em suas vidas espirituais. Muitos deles não sabem disso obviamente, mas mesmo errando vida após vida, como seres errantes que se fazem, inconscientes de suas habilidades co-criativas e de compreensão das Leis Superiores, eles condicionam-se e condicionam aos demais com quem convivem. Então, os poucos que se abrem plenamente para as esferas sutis e os universos superiores tendem a sentir-se, em certos momentos, deslocados de onde gostariam de estar. Sabedores que são dos mecanismos que os libertam e que não os permitem se condicionar, estes últimos precisam estar constantemente absortos em suas medidas de aprofundamento e de absorção na vida que gostam de ter, independentes das convenções e dos condicionamentos dos demais.
                Em diferentes lugares e em nações distintas, nas cidades e comunidades, em ambientes particulares e nas famílias e em outros tipos de agrupamentos humanos, sempre existem aspectos da Suprema Verdade que são aceitos como o que mantém os membros dos mesmos agrupamentos unidos no uníssono de suas opiniões. Tais uníssonos, no entanto, nem sempre estão coerentes com o que o Plano de Luz e de Amor pode oferecer para quem deseja de fato se abastecer com frequência das mais elevadas realizações, as quais podem proporcionar crescimento e avanço em direção ao Conhecimento Superior. Sendo assim, a alma que se ilumina assim o faz porque se desvencilhou das imposições e se libertou do que poderia a manter distanciada dos rumos que enaltecem ao coração e aclaram os raciocínios, libertando-se ainda mais. A liberdade se acrescenta e incondicionalmente leva aquele que a cultiva a conquistar sempre mais aquilo que se traduz em entendimento e aprofundamento, e em posicionamento sincero e convicto perante o que não interessa mais àquele que se libertou do que o condicionava a acreditar que não desejaria se libertar.
                Queremos propor uma nova mentalidade para o ser humano e, mesmo descendo às esferas da intermediação, como entidades arcangelicais, estando plenamente conscientes de nossa Identidade Divina e da perfeição que ela pode traduzir como a vida que nos contém, podemos certamente lhes inspirar à sua própria redenção. Sugerimos, então, que se descubram como seres livres e independentes de quaisquer amarras que possam lhes enganar, de modo a se deixarem caminhar com passos largos e determinados, rumo a caminhos iluminados e alheios ao que pode os afastar da Totalidade que se revela aos que se permitem libertar. A Totalidade é o que os completa quando se aproximam mais de Deus, o Supremo Senhor, a Pessoa Absoluta, que, conforme o que se revela para nossas superiores percepções, é Krishna. Que Ele os liberte de quaisquer condicionamentos, inspirando-os a conhecê-lo, para, a partir do que se revela para suas compreensões sutis, poderem se aprofundar no que os transformará ainda mais.

                                                               Arcanjo Ezequiel (10/09/2013)

Conteúdo obtido por sintonização através de Valéria Moraes Ornellas, Sacerdotisa da Ordem de Zadkiel e co-fundadora da Editora Sétimo Raio, Rio de Janeiro – RJ, e originalmente publicado em http://ordemdezadkiel.blogspot.com.br. Se desejar divulgar este texto, favor citar devidamente a autoria e a fonte original da publicação. 

A Ancoragem da Luz em Congregações

Uma Congregação de Luz se faz não apenas das contrapartes ascensionadas, mas também das mentes e das emoções daqueles que se encontram no meio material, caso ela tenha que manter-se ancorada no mundo das formas e das ideias que compõem à sociedade deste tipo de identidade que os fazem reconhecer-se como pessoas humanas da época em que vivem. Os que pensam a partir de um raciocínio mais abrangente, como o que existe nas Esferas Superiores aos aspectos mais densos da vida terrena que os contém, veem as situações desde ângulos mais abrangentes e compreendem com mais clareza o que deve ser traduzido em eventos da vida cotidiana dos que estão usando do raciocínio contraído e limitante dos planos adjacentes ao campo da materialidade. Sendo assim, há forte poder de construção que pode ser estabelecido entre as contrapartes de uma Congregação que pretende ancorar à Luz, com a finalidade de dissipar a escuridão da densidade das regiões mentais, astrais e físicas.

               No entanto, não só os que se encontram em condição mais abrangente de consciência devem se esforçar para manter os elos de tais agrupamentos com as almas que se dispõem a articular os alicerces da edificação que juntos constituem. Todos os homens e as mulheres ocupados com a manutenção da existência de uma organização místico-esotérica ou religiosa precisam estar conscientes de seus papéis na composição das teias de interações que constituem o serviço co-criativo que mantém a mesma estrutura em perfeito funcionamento. Quanto maior o número de seres conscientes de suas próprias ações dentro da lógica que dá sustentação ao que pretendem cultivar, mais intensos serão os resultados que obterão dos esforços que juntos conseguem manter.
               A mente humana precisa entender de uma vez por todas que dentro de tudo o que deseje fazer lhe caberá uma parte importante a realizar em torno do que de fato obterá. Ninguém depende única e exclusivamente dos outros seres com quem, de alguma maneira, convive para saciar-se do que busca. Mesmo em se tratando de absorção em Conhecimento Transcendental, ele se fará disponível para cada qual na medida de seus esforços individuais. Muito está sendo doado para todos, mas somente os que se doam também em reciprocidade, a fim de receberem o que lhes está sendo doado, haverão de conseguir conquistar o que lhes é disponibilizado. O mesmo pode ser dito acerca de grupos de pessoas que desejam, por meio de suas agregações, obter algum tipo de benefício espiritual.
               Se não há o esforço adequado por parte dos que desejam receber, não se formará o campo magnético co-criativo, constituído de muitas partes que se complementam, de modo a se fazer haver a troca mútua entre quem doa e a contraparte que pretende obter o que está sendo doado.  As partes que se complementam são interações do pensar e do agir, que se encaixam com perfeição, de modo a poder haver transferência de impressões entre os dois lados de tal parceria construtiva e interdimensional. Se não existe esforço condizente daqueles que se encontram no meio físico-material, para que suas configurações mentais formem elos entre os que estão constituindo o aspecto da co-criação que está ancorada e destes para com os que se encontram nas Esferas de Luz, dificilmente haverá fortalecimento daquilo que precisa necessariamente interessar a ambos os lados de tal estrutura inteligente. Muitas vezes isso tem se repetido na história das relações humanas para com seus mentores espirituais e outros seres que podem guiar com acurácia às percepções dos que estão envolvidos com a vida material.
               Aqueles que estão associados a alguma Congregação de Luz, pensem a respeito de suas próprias maneiras de participar das mesmas. Questionem-se se estão doando tudo o que podem e/ou devem doar de si mesmos para o fortalecimento da ancoragem de tal padrão de difusão de Amor e de Sabedoria que lhes pertence na medida de suas intenções. Parem um pouco com suas atividades comuns do dia-a-dia e reflitam sobre a importância do que percebem como fundamental para que haja o avanço da consciência da humanidade, e analisem o que estão fazendo a fim de participar mais diretamente deste momento de importantes mudanças dos padrões de existir com os quais convivem. Reavaliem suas maneiras de se colocar como quem pretende contribuir para que haja a transição planetária, de modo a tornarem-se, se isso se fizer necessário, mais ativos do que estão sendo até agora.
              
           Não sejam coniventes com o engano que se alastra entre tantas pessoas que permanecem alheias a tudo o que se faz necessário mudar pra que haja a ascensão. Comecem por buscar maneiras de se tornarem mais absortos no que é preciso fazer para que um despertar mais abrangente aconteça, pois a espécie humana de vida ainda encontra-se predominantemente adormecida de suas obrigações espirituais para com a Terra e o Universo como um todo. Aliem-se às Congregações que já existem e fortaleçam-nas, e somente procurem criar novos agrupamentos se não houver nada disponível aos seus alcances. A criação de novos grupos pode ser a causa da inconsistência e do enfraquecimento do movimento em prol da Nova Era que já existe, pois os esforços se dispersam ao invés de se acrescentarem.
               Muitas vezes o que parece ser impulso de inovação não passa de tendência egocêntrica à falta de modéstia e de aceitação de lideranças pré-existentes. É importante que a alma aprenda a conviver com as diferenças, a fim de desenvolver Amor e Poder, pois a fuga ao compromisso com a união de interesses gera fragmentação e, portanto, empobrecimento e esvaziamento, o que não condiz com o que precisamos para ancorar os alicerces do que está sendo precipitado para a etapa atual da humanidade. Pensem com cuidado sobre o assunto, e revejam suas próprias intenções, analisando as opções que lhes estejam caracterizando a ação e, se necessário for, tenham a modéstia de transmutarem as conformações que caracterizam os agrupamentos que já compõem ou ainda pretendem compor. Estamos profundamente interessados no fortalecimento recíproco dos nossos laços co-criativos, o que emanará ainda mais Luz para suas (nossas) Congregações.

                       Arcanjo Ezequiel (16/11/2013)

Conteúdo obtido por sintonização através de Valéria Moraes Ornellas (Sri Krishna Madhurya Devi), Sacerdotisa da Ordem de Zadkiel e co-fundadora da Editora Sétimo Raio e do Templo da Fé Bhagavata, Rio de Janeiro – RJ, e originalmente publicado em http://ordemdezadkiel.blogspot.com.br. Se desejar divulgar este texto, favor citar devidamente a autoria e a fonte original da publicação.

A História de Sri Venkateshvara, por P. M. Muniswami Chetty


 (*) Trechos Selecionados da Tradução Brasileira de Indumukhi devi dasi

                Suta Maharishi conta para Shaunaka e os outros sábios a história de Sri Venkateshvara Swami, começando assim:

                Sri Venkateshvara nasceu na Terra como um Salvador, para auxiliar e proteger os homens. Ele é uma encarnação de Maha-Vishnu na Terra. Ele é Deus visível (Pratyaksha Daivam). (...). (Certo dia), Narada Muni, “cantando o nome de Hari, chegou às margens do rio Ganges. Ali sábios, como Kasyapa e outros estavam realizando um grande yajna para o bem universal. Narada foi para lá. Os sábios receberam-no respeitosamente. Informaram-no sobre seu yajna.
                Narada apreciou seus esforços. Entretando, ele tinha uma dúvida. Perguntou: Quem irá arcar com o efeito yajna? Quem entre as trimurtis, vocês consideram adequado?
                Esta era uma pergunta pertinente. Mas, os sábios não conseguiram responder prontamente. Entreolharam-se e não conseguiram chegar a um entendimento. A confusão era total. Os sábios estavam divididos quanto a este assunto. Formaram grupos.
                Os devotos de Shiva diziam que deveria ser Maheshvara. Vaishnavas falavam que era Narayana a pessoa adequada para recebê-lo, enquanto outros preferiam Brahma, o criador. Narada então sugeriu um teste para que se decidisse qual deles receberia o efeito yajna. Todos concordaram com a ideia e enviaram Brighu para a tarefa.
                (...) Em Sathyaloka, Brahma e Sarasvati estavam sentados num trono dourado. Ali reunidos estavam maharishis,devarishis, (...), (dentre outros seres celestiais). Brahma estava falando a eles. Explicava-lhes os Vedas.
                Justo então, chegou Brighu. Lançou um olhar sobre a plateia. E assim mesmo, sem saudar Brahma, orgulhosamente ocupou o trono. Todos ali presentes estavam contentes com a visita de Brighu; mas, ninguém apreciou sua negligência para com Brahma. Consideraram um ato inflado caprichoso.
                Brahma sentiu que fora envergonhado. Não pode tolerar isso. Ficou louco. Seus olhos avermelharam-se. Em tom irado explodiu: Brighu, pertences à mesma raça que pertenço. Através da tua grande penitência adquiriste muitos poderes. Eu esperava que te comportasses bem. Mas, nunca pensei que serias tamanho tolo. (...)
                Brighu imediatamente desceu do trono. Pensou: Como Brahma é corajoso! Somente os de rajo guna é que possuem tal temperamento. Ele não é qualificado para a oferenda de yajna.
                Dirigindo-se a Brahma disse: Ó Senhor, nem tentaste compreender porque vim até aqui. Repreendeste-me desnecessariamente. Portanto, irás levar esta minha maldição: Nunca terás qualquer templo na Terra e ninguém irá adorar-te.
                Então ele marchou adiante para Kailash. (...)
                Certo dia Nandishvara, Bringishvara, Dhandishvara e todos outros discípulos estavam cantando os nomes do Senhor Shiva e a montanha inteira ecoava com estas orações. Todos estavam absorvidos no cantar.
                Naquela hora, Brighu chegou ali. Prosseguiu diretamente ao apartamento de Shiva. Esse era um aposento privado. E Shiva estava na companhia de sua esposa, Parvati. Porém, Brighu foi avisado pelos guardas, próximo à entrada, para que não entrasse naquele aposento, porque Shiva estava na privacidade com sua esposa. Mas, Brighu não ligou para o aviso. Entrou.
                Naquele momento, Shiva e Parvati estavam em um momento de intimidade. Ao verem Brighu, Parvati ficou envergonhada. Imediatamente ela fugiu para um lado do aposento. Shiva ficou como um louco. Exclamou: Seu Brighu, pertences à mesma raça que o criador. Aprendeste os Vedas. Fizestes grandes penitências e adquiristes mais poderes. Ainda assim não aprendeste decência. Faltam-lhe boas maneiras. É uma vergonha ser assim.
                Assim falando, pegou seu tri-sula para acertar Brighu. Mas, Parvati interveio e o impediu. Shiva logo se acalmou.
                (Brighu disse): Maheshvara, Shiva, Shankaran, mesmo sem saber a razão porque vim, apontaste teu tri-sula para mim. Portanto, receberás esta maldição: Serás adorado nos templos na Terra somente na forma do lingam, em vez de tua forma real.
                Dizendo isso, Brighu deixou o local e prosseguiu até Vaikuntam.
                Vaikuntam é um lugar muito belo. É ali que Maha-Vishnu, também conhecido como Sri Hari (Krishna) ou Narayana, vive com sua consorte, Lakshmi (Sri). (...) Um dia Maha-Vishnu estava descansando sobre o leito feito da serpente (Shesha Shayanam) no Oceano de Leite. Lakshmi estava sentada próxima de seus pés, e o servia, apertando as pernas dEle com suas mãos carinhosas. (...)
                (Brighu ali chegou, com a intenção de testar Sri Hari).  Sri Hari, embora ciente da chegada de Brighu, fingiu ser inocente. Isto lembrou a Brighu o tratamento recebido tanto em Sathyaloka como em Kailash. Ele temia que pudesse ter a mesma sina aqui também. Este pensamento provocou-o. Sem pensar duas vezes, correu até Maha-Vishnu e chutou-o em seu peito com o pé direito.
                Maha-Vishnu nem se perturbava. Primeiro que sabia o propósito da visita de Brighu. Levantou de sua cama e afetuosamente segurou as mãos de Brighu, fez com que este sentasse na sua cama e apertou as pernas dele, (...). Tendo assim perdido seu poder, Brighu percebeu sua loucura e implorou perdão ao Senhor.
                Sri Hari disse: Ó Maharishi, não tens culpa. Não fizeste nada fora do esquema. Tudo ocorreu como era devido. És apenas um instrumento. Por isso não te preocupes. Desejo-te sucesso.
                Brighu explicou então o propósito de sua visita e pediu que Maha-Vishnu viesse e recebesse o benefício do yajna que os sábios estavam fazendo. Maha-Vishnu concordou. (...).
                O yajna às margens do rio Ganges continuou durante quarenta dias. Conforme prometido, Maha-Vishnu estava ali presente no momento do desfecho e recebeu os efeitos do yagna. Depois então Ele retornou a Vaikuntam.
                Brighu chutou Vishnu em seu peito, como sabemos. Este era o local onde vivia Lakshmi. Através daquele ato, aquele local perdera sua santidade e se tornou impuro. (...) Lakshmi disse a seu marido: És o Soberano dos quatorze lokas, trinta e trêscrores de devas e oitenta e quatro lakhs de criaturas. E, no entanto, amaste e serviste o Maharishi que ousou chutar-te em teu peito e assim me envergonhou. Sou incapaz de tolerar isso.
                Vishnu falou, em tom apaziguador: Por que te sentes incomodada? Não sabes que sou o Salvador de seus devotos? Brighu é nosso filho. Os pais ficam irados e punem se sua criança os chuta? (...)
                Lakshmi disse: Querido marido, sei que excederás todo mundo em justificar tuas ações. Mas, sou incapaz de tolerar. Nossos laços se rompem a partir deste dia. Estou saindo deste lugar. Contudo, não vou deixar aquele brahmana sem uma punição.
                Lançou a maldição que a comunidade brahmínica inteira na Terra seria privada da riqueza. Viveriam unicamente por vender seu conhecimento/sabedoria educando outros.
                Ela amaldiçoou seu marido e deixou Vaikuntha, apesar dos pedidos de Vishnu para que desistisse. Ela chegou a Kolhapur, um local na Terra, e começou sua meditação.
                  O artigo anterior mostra como Sri Vishnu e Lakshmi se separaram, a partir do confronto com Brighu Muni. Veja em http://srikrishnamadhurya.blogspot.com.br/2013/02/a-historia-de-sri-venkateshvara-por-p-m.html.
            (A história continua) quando Lakshmi abandona Vaikuntam, deixando tudo na pobreza. Não havia mais prazer ou pompa. Os habitantes ficaram bastante infelizes. Aproximaram-se de Vishnu e apelaram que, de alguma maneira, Lakshmi deveria ser trazida de volta para Vaikuntam.
                Maha-Vishnu ficou desvalido. Não sabia o que fazer. Estava perplexo. Saiu de Vaikuntam para Bhulokam (Terra) a procura de sua querida. Correu aqui e ali. Subiu as colinas, correu as florestas. Buscava e procurava incansavelmente sem comer ou dormir. Não conseguia acha-la.
                Gritando: “Lakshmi, Lakshmi”, e correndo para cá e para lá, para cima e para baixo, Ele perguntava aos pavões, macacos, outros animais, aves, elefantes, leões, ursos, etc., se haviam, a qualquer hora, em algum lugar, visto sua Lakshmi.
                Sentindo cansaço e fadiga, e não obtendo nenhum indício do paradeiro de Lakshmi, Sri Hari finalmente chegou a Tirupati e, embaixo de uma sombra de árvore de tamarindo, Ele se abrigou num valmikam (toca de toupeira ou formigueiro/cupinzeiro abandonado), no santuário de Adi Vahara. Sentou em meditação, orando pelo retorno de sua querida esposa, Lakshmi.
                Narada veio a saber da deserção de Vaikuntam. Então foi para Sathyaloka. Disse a seu pai Brahma que, conforme seu conselho, havia feito arranjo para Vishnu nascer na Terra. Portanto, Lakshmi e Vishnu foram separados. Ela estava ficando em Kolhapur e fazendo penitência. Sri Hari estava se refugiando num valmikam em Varahakshetra. Estava a mingua, sem alimento. Não dormia. Havia emagrecido muito. (...) Brahma pensou no caso, durante algum tempo, e pediu que Narada fosse encontrar Lakshmi em Kolhapur. Ele mesmo partiu rumo a Kailash.
                Em Kailash, Shiva recebeu Brahma com a devida honra e indagou sobre o propósito de sua visita. Brahma explicou detalhadamente as diferenças que surgiram entre Narayana e Lakshmi, e que levaram a separação dEles, e de como Narayana estava sofrendo sem comer e dormir. Sugeriu que o próprio Shiva deveria adotar a forma de uma vaca e bezerro para alimentar Vishnu com leite, a fim de ajuda-lo a recuperar-se. Shiva concordou.
                Narada, conforme orientado por Brahma, foi para Kolhapur  e achou Lakshmi. Saudou-a (...), e disse: “Depois que saíste de Vaikuntam, Narayana também deixou o lugar e, vagando de local em local na tua busca, Ele agora se abrigou numvalmikam (...). Está muito arrasado, sempre pensando em ti e nada mais. Por favor, faça um arranjo para alimentá-lo com a ajuda de Brahma e Shiva. (...)
                Tendo ouvido de Narada sobre o sofrimento do seu marido, Lakshmi ficou muito preocupada. Ela não conseguia saber o que poderia ser feito para alimentar seu marido. Assim, ela orou a Brahma e Mahesvar para virem no auxílio dela. Ambos apareceram diante dela.
                (...) Brahma e Mahesvar pensaram um tempinho e disseram que assumiriam a forma de uma vaca e um bezerro. Pediram que ela se tornasse uma pastora de vacas e que os levasse a Chandragiri e os vendesse ao Rei Chola para facilitar que eles pudessem alimentar o marido dela com leite de vaca. Lakshmi concordou.
                Brahma tomou a forma de uma vaca, enquanto Mahesvar virou um bezerro. Lakshmi Devi assumiu a forma de uma pastora de vacas. Tocou a vaca e o bezerro até a cidade de Chamdragiri e chegou ao palácio do rei. (...)
                Tanto o rei quanto a rainha foram atraídos pela aparência da vaca e do bezerro, e compraram os animais dela. (...) O vaqueiro costumava tocar a nova vaca junto com as outras manadas, para pastarem em Venkatachalam. Mas, essa vaca nunca se misturava com outras vacas. Costumava isolar-se das outras e, sem que ninguém percebesse, ia para onde Sri Hari estava abrigado, e ali jorrava leite do seu úbere diretamente para dentro do valmikam. Depois, voltava a juntar-se às manadas até o cair da noite. Quando retornava para casa, descobriam que não havia uma gota de leite sobrando nela. Isso continuou durante alguns dias.
                Certo dia, a esposa do Rei Chola chamou o pastor de vacas e, zangada, disse: “nem sequer um dia só trouxeste o leite daquela vaca nova. A vaca não está dando leite algum ou estiveste engolindo todo leite dela ou ganhando dinheiro com isso? (...) Se amanhã não trouxeres o leite dela, serás punido”. O vaqueiro tremeu de medo. Prostrou-se diante dela e foi embora.
                Na manhã seguinte, quando levou o gado para pastar, o pastor ficou especialmente de olho naquela vaca. Após chegar a Venkatachalam, descobriu que esta mesma vaca se desgarrou. Silenciosamente, seguiu-a. Como sempre, a vaca aproximou-se do valmikam e começou a jorrar leite de seu úbere na abertura. A ira do pastor crescia sem limites. Pegou seu machado e tentou golpear o animal.
                Sri Hari viu que a vaca, que todos estes dias estivera alimentando-o, iria receber um golpe selvagem do machado do vaqueiro.
                Imediatamente Ele saiu do valmikam e tentou salvar a vaca. Nesta tentativa, acabou levando o golpe em sua cabeça. Sua cabeça começou a sangrar muito. A visão do sangue fez o vaqueiro desmaiar. Ele caiu inconsciente. O sangue que emanava da cabeça de Sri Hari se espalhou também para a vaca.
                A vaca divina saiu dali e chegou ao palácio daquele rei. Mugia bem alto para atrair a atenção do mesmo. (...) O rei e seu exército saíram e a seguiram, até onde o pastor caíra inconsciente.
                (...) Quando o rei se aproximou do valmikam descobriu Narayana numa poça de sangue que fluía de sua cabeça, (...) e que lhe mostrou sua forma original, dizendo com voz zangada: “Seu tolo, impensadamente causaste esta ferida através de teu pastor. Por esse ato, amaldiçoo-o a virar fantasma”.
                O rei arrependeu-se e implorou perdão. (...). Sri Hari disse: “O rei é responsável pelos pecados cometidos pelos seus súditos. Minha maldição não pode ser retirada. Depois desse nascimento, renascerás na mesma família e serás chamado Akasaraju. Então darás tua filha Padmavati em casamento a Mim (...), e obterás moksha (liberação)”.
               O Rei Chola certa vez fora amaldiçoado por Vishnu. Como resultado disso, ele virou um rakshasa (demônio). Tal período acabou passando, e assim ele teve que renascer numa família real, conforme a maldição. Portanto, ele entrou no ventre da esposa de Sudharma e nasceu como filho deles. Deram-lhe o nome de Akasa Raju. (...)
               Quando Sudharma ficou velho, fez de Akasa Raju o novo rei (...). Sudharma morreu, e Akasa Raju governava bem. A esposa dele, Dharani Devi, tratava os pobres caridosamente. As pessoas viviam felizes sob o governo deles. Todos os súditos deles eram obedientes. O casal real não tinha filhos. Só isso é que era uma tristeza para eles. Ficavam muito preocupados com isso.
               Num certo dia auspicioso, Akasa Raju convidou seu kula guru, Suka Maharishi. Devotadamente, ele lavou os pés doguru e orou a ele para que o aconselhasse sobre o que deveria fazer para conceber crianças.
               Suka Maharishi disse: “Há muito, muito tempo atrás, o rei Janaka realizou Puthrakamesti Yajna e conseguiu Janaki (Sita) como filha. Também podes fazer o mesmo. Deus irá abençoá-lo”.
               Akasa Raju ficou muito satisfeito com a sugestão do Maharishi. Coletou todos os materiais necessários para o yajna(sacrifício de fogo, rito purificatório). Num dia auspicioso, convidou brahmanas e depois do puja (adoração a Deidade), ele mesmo começou a arar o campo, onde o yagna seria realizado, com seu arado de ouro. Enquanto arava, algo pegou no arado e este não se mexia mais. Assim, escavaram no barro. Encontraram uma caixa enterrada no solo. Quando a caixa foi retirada e aberta, para surpresa deles, encontraram uma linda criança do sexo feminino em meio a uma flor de lótus de mil pétalas. Naquele momento, houve um brilhante raio no firmamento e ouviu-se uma voz do céu que dizia: “Akasa Raju, és muito afortunado. Como resultado dopunya (crédito cármico) adquirido em teu último nascimento, ganhaste esta criança. Através dela, tua raça será beneficiada”.
               (...) Akasa Raju pegou a criança em seus braços, recebeu as bênçãos de Maharishi e outros, deixou o campo do yajnae chegou ao seu palácio. Como a criança nascera num padma (flor de lótus), foi chamada de Padmavati, conforme sugestão de Suka Maharishi.
               O Nascimento anterior de Padmavati: Padmaksha Maharaj realizou Varalakshmi Vratham e, pela graça daquela Deidade, teve uma criança do sexo feminino. A criança foi chamada Masulungi. Gradualmente Masulungi crescia mais e mais luminosa, e brilhava tal como a lua cheia. Logo ela aprendeu muito bem todas as artes. Aos dezesseis anos atingiu a puberdade.
               Desde sua infância, Masulungi era uma ardente devota de Sri Hari. Ela o adorava diariamente com devoção. Dedicava sua vida à Vishnu e decidiu casar-se apenas com Ele.
               Padmaksha ficou sabendo do desejo dela. Por conseguinte, pronunciou o svayamvara (cerimônia de escolha do esposo) de Masulungi. Rajas (reis) de diversos reinos foram convidados e todos eles estavam presentes. Ravana não foi convidado.  Contudo, como soube do svayamvara, também estava presente. Tendo sido atraído pela beleza de Masulungi, Ravana tentou consegui-la pela força. O pai dela, Padmaksha, interveio. Porém, Ravana matou-o (...).
               Masulungi apelou a Sri Hari e, com seu nome nos lábios, conseguiu desaparecer de cena. (...) Chegando aos Himalayas, ela sentou-se em meditação em Sri Hari, de olhos fechados.
               O desapontado Ravana, estava retornando a seu reino por via aérea. A caminho, enxergou Masulungi nos Himalayas, sentada em penitência. Um raio de esperança passou na mente dele. Descendo de sua carruagem, colocou-se diante de Masulungi. (...)
               Ravana tocou a face de Masulungi com seu dedo indicador e disse: “Querida, tendo fugido dali, chegaste até aqui. Pensas que Narayana irá te salvar? Não podes escapar de mim. Só eu sou o par adequado para ti. Vem e me aceita”.
               (...) Zangada, ela gritou: “Seu demônio, como ousa forçar uma mulher contra a vontade dela? Por tua causa vou dar cabo da minha vida, jogando-me no fogo. Tu e tua raça irão perecer por causa de uma dama como eu”. Tendo assim falado, ela criou um fogo mediante seu poder de yoga, e se jogou nele, sendo reduzida a cinzas e absorvida no fogo (Agni).
               No Ramavatar, Rama com Sita e Lakshmana, passaram quatorze anos no exílio. (...) Certo dia, quando Rama e Lakshmana estavam longe da cabana, e Sita estava sozinha, Ravana tentou leva-la embora. Ao saber antecipadamente sobre esta tentativa de Ravana, Agni substituiu Sita (Sri) por Vedavati (Bhu). (...) Ravana carregou para Lanka Vedavati, que estava no lugar de Sita, confundindo-a com Sita.
               Depois de Ravana ser morto por Rama, Sita entrou no fogo, para provar sua castidade. Daquele fogo, Agni Deva apareceu com ambas Sitas, e explicou para Rama como Ravana fora enganado. Agni pediu que Sri Rama casasse com Vedavati, que havia passado por inenarráveis sofrimentos nas mãos de Ravana, e que estivera orando o tempo todo para casar com Ele. Sita também concordou com a proposta.
               Porém, Rama disse que estava observando o Ekapatni Vrata (voto de fidelidade a uma única esposa) naquele avatar. Prometeu casar com Vedavati na Kaliyuga, quando nasceria como Srinivasa e ela como Padmavati, filha de Akasa Raju.
               Satisfeita com isso, Vedavati absorveu-se em Agni. Aquela Vedavati é esta Padmavati.
               Padmavati estava gradualmente crescendo e ficando mais luminosa dia a dia. (...) Foi numa sexta-feira, quando ela estava fazendo Gauri Puja (adoração à Durga), e brincando com suas colegas. Justo naquele momento, Narada apareceu diante delas, cantando os hinos de Narayana. Padmavati prostrou-se diante dele e ofereceu-lhe um assento.
(...). Narada ofereceu-se para estudar a palma dela e predizer seu futuro. (...) Narada examinou sua palma e disse: “Padma, Dvaja e Madhya Rekhas (linhas) aparecem na sua palma. Estas rekhas predizem que irás ser esposa de Sriman Narayana. Enquanto Padma Rekha prediz que terás abundante fortuna e prosperidade, Dvaja Rekha prediz um modo de vida régio. Terás fama e conquistarás a apreciação das pessoas”.


No próximo artigo: Padmavati e Srinivasa se encontram (Em Breve)



quarta-feira, 31 de julho de 2013

A roda de Nascimentos e mortes e a volta ao Supremo (Por Lord Krishna)


“Eu Sou a meta, o sustentador, o Senhor, a testemunha, a morada, o refúgio e o amigo mais íntimo. Eu Sou a criação e a dissolução, a base, o lugar onde se descansa e a semente eterna”. Aqueles que desejam me encontrar me encontrarão, desde que façam tudo o que é necessário para que me encontrem.aqueles que, não tendo outro objetivo, se concentram em Mim (ananyas cintayanto mam), a estes Eu dou proteção, fornecendo-lhes tudo o que necessitam, e o que eles necessitam os faz me encontrar, porque somente doo ao meu devoto sincero o que o faz se devotar ainda mais ao objeto de sua devoção."
 “tudo o que fizer”faça-o como uma oferenda a Mim (tat kurusva mad-arpanam),"
(Bhagavad-Gita 9.25)





A Grande Roda que realiza aos efeitos da Lei de Ação e Reação procede às sucessões de nascimentos e mortes, através das quais todas as Leis se revelam aos que usam de tal oportunidade para buscar por compreensão superior. Tais ciclos de vida e morte, de morte e vida (samsara), se repetem continuamente, enquanto a alma permanece em desconhecimento da parte de si mesma que pode libertá-la, porque a direciona de volta para minha Consciência. Àqueles que permanecem alheios à Suprema Manifestação do que pode me revelar aos que se encontram imersos nas teias da ilusão, certamente lhes dou a estas sucessivas transmigrações. Eles então confabulam com seus parceiros e muitos permanecem completamente ou quase totalmente esquecidos de quem Eu Sou, e do que suas existências significam dentro dos significados que outorgo às coisas que existem apenas porque desejo que elas se façam como parte do meu Ser e do meu Estar, o que se manifesta como existência.
                Quem nasce em um corpo físico estará sujeito à natureza material, cujas leis não independem das minhas Supremas Leis e, desta forma, não pode haver compreensão verdadeira da vida e de seus mecanismos sem que haja entendimento do que a vida física pode compreender na Totalidade do que manifesto como a natureza e a aplicação de suas relativas leis. Viver alheio à Verdade Absoluta, que contém a todas as pequenas verdades que compõem ao raciocínio humano, inevitavelmente leva o ser humano ao engano e à incompreensão do que pode lhe tornar isento de qualquer erro e, portanto, conduzi-lo à Perfeição. Percebe-se, ao observar-se com frieza aos mecanismos humanos que constituem a vida em sociedade deste Ciclo de Eras, que é chamado Kali, o quão imatura se encontra a mente da maioria. Embora haja bondade e amor, há excesso de iniquidade e de desconexão com a mesma natureza material, e muito mais ainda com relação à minha Morada e ao meu Pensamento e Poder.
                Por esses motivos, a pessoa ainda sofre os efeitos de seus maus carmas, o que se repete continuamente ao longo de uma infindável sucessão de vidas, a qual, se não for compreendida, se prolongará ainda mais infindavelmente. Para que tal aconteça, deve haver o esquecimento do que a vida de fato representa, e o esquecimento torna-se implacável na medida em que as pessoas perpetuam ao seu alheamento às minhas Supremas Leis. Porque se encontram esquecidas, elas dão preferência aos condicionamentos da vida que as conduz como uma enxurrada de acontecimentos. Tal qual um objeto que é transportado pela força das águas, a pessoa assim vaga de um lugar a outro e entre circunstâncias, transportada que é pela intensidade dos fluxos dos eventos materiais. Entregues às satisfações temporárias dos seus sentidos e ao precário entendimento da vida que o raciocínio inferior proporciona, tais almas, atreladas aos emaranhamentos da teia da ilusão material (maya), enveredam por trilhas que dificultam crescentemente ao despertar de suas consciências adormecidas.
                O enovelamento que resulta das interações realizadas com a energia material causa desejos e aversões, assim como necessidades e impulsos, ações e reações. Outros modos de interagir, e de construir novas teias de relações, são muitas vezes manipuladas pela própria intenção de continuar a buscar por aquilo que pode se mostrar como fonte de realização pessoal e de co-criação do que parece fornecer satisfação. A alma que assim se condiciona às buscas meramente materiais acredita que pode ser feliz quando adquire bens e se faz prosperar, de modo a obter o que lhe parece serem as soluções para suas eventuais decadências na consciência, quando tudo perde o sentido e a pessoa se indispõe contra si mesma, o mundo e as outras pessoas. Tais momentos de insatisfação podem levar alguns a me procurar, no entanto, nem todos conseguem de fato se aprofundar nestas que são as únicas buscas que tem verdadeiro valor e significado para a evolução espiritual e, portanto, para a redenção definitiva do ser, o qual está continuamente buscando por me compreender, mesmo que nem se dê conta disso enquanto se encontra envolvido com questões materiais.

                Por outro lado, àqueles que usam com adequação da oportunidade que a vida lhes fornece, porque descobrem que Eu lhes outorgo a possibilidade de viver exatamente para obterem de tal oportunidade de me conhecer, dou-lhes a Luz do Conhecimento, a qual é a única Fonte de paz e felicidade definitivas. Estes escolhem por experiências de vida que lhes permitem abstrair dos males aos quais os demais se entregam, e fixam suas atenções em Mim. Desta forma, havendo a busca perfeita, a Perfeição se faz, e muitas almas se iluminam, iluminando o mundo através de suas expressões. São estas minhas benquerentes que conduzem os mundos à redenção, proporcionando a melhoria das condições de onde elas se encontram, e dando proteção a outros seres viventes que se abrigam no entorno de suas presenças de Luz e de Amor.
                É preciso haver mais introspecção e menos apegos materiais, mais doação do que cultivo de desejos egoístas, mais amor e compartilhamento do que mesquinhez e falta de empatia para com os outros. Se cada um dos seres que habitam a um planeta se fizer consciente do que pode doar de si mesmo para que a experiência de muitos se transforme, devido à fonte de Plenitude e de saciedade das carências que ele pode representar, ainda maior será o número de almas que poderá despertar. Despertando para a Realidade que faço se manifestar segundo os significados que desejo dar ao que manifesto como Realidade, o ser humano pode enfim se libertar dos emaranhados materiais que até então o prendiam aos modos da natureza, tornando-o vulnerável à Lei de Ação e Reação e, portanto, aos ciclos de samsara. A autorealização é a descoberta do que está no íntimo como aquilo que, a partir da Totalidade que Eu Sou, se expressa como o ser individual que a pessoa é. A alma se autorealiza quando se reconfigura a fim de, compreendendo-me e à Lógica que traduzo como a vida que se pretende viver, faz sua transferência ao tempo Eterno, o qual está além de qualquer limitação da natureza material e, portanto, das sucessões perpétuas de nascimentos e mortes, e da Lei de ação e reação.
                               “Eu Sou a meta, o sustentador, o Senhor, a testemunha, a morada, o refúgio e o amigo mais íntimo. Eu Sou a criação e a dissolução, a base, o lugar onde se descansa e a semente eterna”. Aqueles que desejam me encontrar me encontrarão, desde que façam tudo o que é necessário para que me encontrem.aqueles que, não tendo outro objetivo, se concentram em Mim (ananyas cintayanto mam), a estes Eu dou proteção, fornecendo-lhes tudo o que necessitam, e o que eles necessitam os faz me encontrar, porque somente doo ao meu devoto sincero o que o faz se devotar ainda mais ao objeto de sua devoção."
 “tudo o que fizer”faça-o como uma oferenda a Mim (tat kurusva mad-arpanam),"
(Bhagavad-Gita 9.25)Bhagavad-Gita V


Capítulos 8 e 9
Volta ao Supremo

                Arjuna pergunta sobre o Brahman, o eu e as atividades fruitivas, sobre a manifestação material e os semideuses, questionando-me: “como você pode ser conhecido, pelos que adquirem autocontrole, na hora da morte (prayana-kale ca katham jneyo si niyatatmabhih)?” Esta pergunta é bastante pertinente porque muitas são as almas que ainda não conseguiram se perceber como o que merece se realizar a fim de readquirir a liberdade de estar ausente do mundo das formas ilusórias da natureza material. Portanto, a mente deste meu devoto e amigo se fez direcionar para o que convinha conversarmos de modo a, por travarmos tal conversação, confabularmos acerca do que interessa à alma para ela poder se libertar. Travei conversação, induzindo aos que agora podem compreender ao que desejei induzir, por meio de tais confabulações, a pensarem às suas próprias relações com o que de Mim se manifesta enquanto eles se compreendem como parte do que desejo manifestar.


anta-kale ca man eva
smaran muktva kalevaram
yah prayati sa mad-bhavam
yati nasty atra samsayah
            (BG 8.5)

                “Aquele que, ao deixar o corpo, no fim da vida, lembra-se de Mim, à minha natureza alcança, sem dúvida”, assim afirmei. Para que possa haver tal intenção, deve-se, no entanto, preparar-se ao longo de uma existência para tal momento de sua finalização, o qual pode se expressar em qualquer etapa da experiência particular. Com a mente e o intelecto rendidos (arpita-mano-buddhir), pela prática da meditação, mantendo a mente e a inteligência sem serem desviadas (abhyasa-yoga-yuktena cetasa nanya-gamina), deve-se pensar naquele que é luminoso como o sol e transcendental à escuridão (aditya-varnam tamasah parastat). Por desejar propor ao que de fato merece se compreender em torno de tal questão, explico, então, resumidamente ao processo através do qual se pode obter a salvação, alcançando-Me.
                O fechar-se à porta dos sentidos (sarva-dvarani samyamya), a fixação da mente no coração (mano hrdi nirudhya ca) e do ar na cabeça (murdhny adhayatmanah pranam) e o vibrar da sagrada sílaba om, na hora da morte do corpo, pode levar a alma a me atingir. Mas, estas condições somente são alcançadas por quem realiza à profundidade de tais feitos, manifestando-os conforme o que se faz necessário haver para que a alma se estabeleça em consciência sublimada no momento do corpo perecer. Fechar-se à porta dos sentidos é conquista que se adquire a partir do autocontrole e da austeridade através da qual se pode se autocontrolar e aos sentidos. A fixação da mente no coração leva o ser a me encontrar, porque Eu estou dentro de cada um destes centros de expressão do que, partindo de Mim, se manifesta como o significado fundamental da vida de cada alma em particular. A fixação do ar na cabeça permite realizar o vazio da existência material ao mesmo tempo em que a criatura que assim medita se abre para a consciência maior onde ela eternamente subsiste. O vibrar da sílaba om Me contém, porque Eu contenho a tal sílaba e a tudo o que nela está e é.

mam upetya punar janma
duhkhalayam asasvatam
napnuvanti mahatmanah
samsiddhim paramam gatah
               (BG 8.15)

                “Aqueles que me alcançam, jamais voltam a nascer neste lugar de misérias temporárias, pois alcançaram a Perfeição Última”. Este fato é fartamente documentado pela alma que se liberta, extraindo-se das aparentemente intermináveis teias de ilusão da natureza material. Por alcançar-me quero dizer que aquele que desta forma se liberta se faz controlar e aos seus sentidos e reside em seu coração, estando junto de Mim no lugar onde ninguém poderá chegar exceto se também se libertar das mesmas teias de insatisfação e de satisfação provisórias com as quais a alma humana costuma se identificar. “Ao alcançar-me, ó filho de Kunti, o renascimento não volta a acontecer (mam upetya tu kaunteya punar janma na vidyate)”. Porque renascer é fruto do condicionamento que transfere a alma de um corpo a outro sequencialmente enquanto não há iluminação por falta de acesso ao lugar onde a alma pode Me encontrar. Quando ela me encontra, a entidade viva se regala por retornar ao seu Verdadeiro Lar, atingindo o estado não condicionado de viver, onde há saciedade de todas as necessidades mais profundas a que a alma se entrega enquanto livre das amarras materiais.
Este estado da consciência está onde alguém pode me localizar, realizando as sucessões de nascer e viver que advém da rítmica de criação/aniquilação que ao Todo expõe. Digo que ao chegar o dia, as entidades vivas se manifestam (avyaktad vyaktayah sarvah prabhavanty ahar-agame) e, ao cair da noite, elas são aniquiladas.


paras tasmat tu bhavo nyo
vyakto vyaktat sanatanah
yah sa sarvesu bhutesu
nasyatsu na vinasyati
                 (BG 8.19)

                “Mas, há outra natureza transcendental a esta que é imanifesta e manifesta. Aquela é Eterna e, enquanto toda a manifestação é aniquilada, ela nunca é aniquilada”. A imanifesta e infalível (avyakto ksara) e o último destino (paramam gatim), da qual quando alcançada jamais se retorna (yam prapya na nivartate), esta é minha Suprema Morada (tad dhama paramam mama). Esta Morada é transcendental a todos os demais mundos, e somente nesta Suprema Manifestação de minha interação com as almas que acessam a tal estado de estar é que se pode enfim conhecer ao que nunca perece e que jamais deixa de existir. No entanto, as pessoas que não têm fé (asraddadhanah purusa) não podem me atingir. Porque a falta de fé não as permite analisarem-se a partir de um ângulo de visão por meio do qual elas também podem me ver e, me vendo, enquanto se autoanalisam, estabelecerem-se na consciência que as eleva acima de qualquer imperfeição dos sentidos que porventura possa as manter vazias de tal fé.

maya tatam idam sarvam
jagad avyakta-murtina
mat-sthani sarva-bhutani
na caham tesv avasthitah
           (BG 9.4)

                “Toda esta manifestação cósmica é penetrada por Minha forma imanifesta. Todas as entidades vivas estão em Mim, mas Eu não estou nelas”. Eu Sou o mantenedor de todas as entidades vivas (bhuta-bhrt), a Fonte de todas as manifestações (bhuta-bhavanah). E isso precisa ser realizado por aquele que está desejoso de se realizar enquanto busca compreender-me e a si mesmo através da compreensão que adquire sobre Mim.  Esta compreensão está na contemplação da seguinte Verdade:

prakrtim svam avastabhya
visrjami punah punah
bhuta-gramam imam krtsnam
avasam prakrter vasat
(BG 9.8)

                “A ordem material Eu crio a partir do meu próprio Eu, repetidas vezes, causando todas as manifestações cósmicas automaticamente sob a força da natureza”. Mesmo assim, desapegado, não sinto atração por tais atividades (udasina-vad asinam asaktam tesu karmasu), manifestadas através da natureza material, a qual está sob minha superintendência (mayadhyaksena prakrtih). Eu Sou aquele do qual emanam todas as possibilidades de que o que precisa se concretizar de fato se concretize. A Fonte e também o Fim de tudo o que se faça existir, mas, ao mesmo tempo não me deixo envolver pelo que está sob minha jurisdição. Tudo o que se faz segundo o que pretendo fazer para que o Todo se faça existir Eu contenho, no entanto, não me faço conter pelo que se faz haver por meio de tais minhas articulações. A alma que está prestes a se estabelecer na Luz do que vale conhecer, precisa perceber, através de suas interações sutis Comigo e com o que emana do que Eu pretendo manifestar, que:

gatir bharta prabhuh saksi
nivasah saranam suhrt
prabhavah pralayah sthanam
nidhanam bijam avyayam
              (BG 9.18)

                “Eu Sou a meta, o sustentador, o Senhor, a testemunha, a morada, o refúgio e o amigo mais íntimo. Eu Sou a criação e a dissolução, a base, o lugar onde se descansa e a semente eterna”. Aqueles que desejam me encontrar me encontrarão, desde que façam tudo o que é necessário para que me encontrem. Pois, aqueles que desejam prazer dos sentidos alcançam repetidos nascimentos e mortes (gatagatam kama-kama labhante), mas aqueles que, não tendo outro objetivo, se concentram em Mim (ananyas cintayanto mam), a estes Eu dou proteção, fornecendo-lhes tudo o que necessitam, e o que eles necessitam os faz me encontrar, porque somente doo ao meu devoto sincero o que o faz se devotar ainda mais ao objeto de sua devoção. O foco em torno de um objeto de adoração conduz ao que adora ao que lhe serve de objeto e, portanto, de foco de suas intenções. Todos podem desenvolver seus impulsos, os quais os levarão para próximo do que os impulsiona a se devotar a algum objeto em particular, sendo assim, a Arjuna falei:


yanti deva-vrata devan
pitrn yanti pitr-vratah
bhutani yanti bhutejya
yanti mad-yajino pi mam
               (BG 9.25)

                “Os adoradores dos semideuses vão aos semideuses, os adoradores dos ancestrais vão aos ancestrais, os adoradores de fantasmas e espíritos vão aos fantasmas e espíritos. Mas, meus devotos vêm a Mim”. Portanto, “tudo o que fizer” (yat karosi) faça-o como uma oferenda a Mim (tat kurusva mad-arpanam), assim recomendei a Arjuna, desejoso de, por meio de tal recomendação, me direcionar às almas do mundo que vêm a ser alcançadas por tal Canção. Para complementar, assim reforcei às ideias que estava a concatenar: com a mente firmemente estabelecida em renúncia, liberado, você me alcançará (sannyasa-yoga-yuktatma vimukto mam upaisyasi). Enfim, Meu devoto jamais perece (na me bhaktah pranasyati) e, portanto:

man-mana bhava mad-bhakto
mad-yati mam namaskuru
mam evaisyasi yuktvaivam
atmanam mat-parayanah
            (BG 9.34)

                “Sempre pensando em Mim, torne-se meu devoto. Adore-me e ofereça-me reverências. Estando completamente absorta e devotada a Mim, sua alma virá a Mim”.

                                               Sri Krishna (19/04/2013)

Conteúdo obtido por sintonização, através de Valéria Moraes Ornellas, Sacerdotisa da Ordem de Zadkiel e co-fundadora da Editora Sétimo Raio, Rio de Janeiro – RJ, e originalmente publicado em http://srikrishnaadishakti.blogspot.com.br. Este material faz parte dos recursos de apoio ao curso de Ciência da Autorealização e do curso de Bhagavad-Gita, oferecido pela Ordem de Zadkiel, na cidade do Rio de Janeiro. Se desejar divulgar este texto, favor citar devidamente a autoria e a fonte original da publicação.