Shiva tem muitos nomes, sendo também chamado de Maheswara, Rudra e Shambu, dentre outras denominações. Ele é a Terceira Pessoa da Trindade ou Trimurti, segundo a descrição védica da Ciência de Deus, que nos apresenta para a humanidade terrena, denominando-nos e classificando-nos a partir de nomenclaturas que têm origens do sânscrito. Shiva é o agente da destruição ou aniquilação dos Universos (ver também Introdução à Trimurti), e está eternamente associado ao Quartênio original, no qual se mistura com o Supremo Criador, e se mescla com o feminino de Deus. Shiva existe em HariHara, que é metade Vishnu e metade Shiva, e em Ardhanari, Deidade composta por Shiva e Parvati.
Ele é um asceta, o maior de todos os ascetas, e escolheu os Himalaias como local de residência. Veste uma pele de animal e usa outra como assento durante suas meditações. Tem na testa a marca da Trimurti, que também tem sido mencionada como um desenho que ele fez com as cinzas de três demônios que matou. As duas versões são corretas, pois não se excluem, se complementam. Entre as marcas de cinza da testa, está o terceiro olho de Shiva, onde reside o Fogo Sagrado da destruição. As serpentes que se enroscam ao redor do seu pescoço representam seu domínio sobre as mesmas e sobre os venenos e as poções. A cor azul que está na sua garganta é o sinal que ficou quando bebeu o veneno do Oceano de Néctar que ameaçava aos semideuses. Seu tridente também assinala a tríade criação/sustentação/destruição que existe na destruição em si, e constitui-se de um instrumento por ele utilizado para combater a tudo o que se faça contrário ao cumprimento do Plano Absoluto.
Recobre com frequência ao corpo com as cinzas que sobram da destruição que empreende quando da realização de suas tarefas. Eventualmente pode ser visto entre crânios humanos e esqueletos, pois controla às almas que se desencaminham (bhutas). Seu veículo de transporte é o touro Nandi e carrega nos cabelos à energia do rio Ganges, dando abrigo à Deusa Ganga em suas madeixas. Shiva desenvolve muitos passatempos eternos, o que envolve seus dois casamentos, e o nascimento dos seus filhos. Estes eventos estão além da escala do tempo material, e existem perpetuamente, tendo importantes significados dentro da história da criação e da destruição dos universos, que se repete cíclica e continuamente além do espaço-tempo físico.
Shiva casou com Sati, filha de Daksa, um dos prajapatis (progenitores da humanidade), filho de Brahma. Mas, Daksa não ficou satisfeito com este casamento e interferiu desfavoravelmente com a mesma relação, ao ponto de Sati decidir abandonar o corpo, durante um sacrifício de fogo (yajna) que seu pai realizou. Shiva, irado, destruiu a arena do sacrifício e cortou a cabeça de Daksa. Decide então não mais casar, porém, devido à sua função co-criativa, Brahma e alguns semideuses fazem arranjos para que ele conheça e se apaixone por Parvati, uma encarnação de Sati. Parvati ou Durga está em mim, e Shiva está em Krishna, na unidade do Quartênio Original.
Parvati também tem muitas denominações, de acordo com as diferentes naturezas que assume a fim de cumprir com distintas atribuições. Existem dez principais aspectos de Durga (ver também As Dasa Mahavidyas), e eles são associados a diferentes modos de ação da matéria. Há inúmeras adorações a estas minhas emanações, as quais existem em uma gradação que abrange desde o aspecto mais grosseiro da qualidade material da energia feminina de Deus (Kali) até o mais sublimado (Kamala). Todas elas pertencem à Mahamaya ou Ambika ou Narayani ou Lalita, dentre outras denominações. Cada um de tais aspectos desta gradação transporta determinados instrumentos de ação da Adi-Shakti com a conformação material que se dá a partir da Consciência Superior da Absoluta Pessoa.
Shiva e Parvati têm dois filhos, Kartikeya e Ganesha. O primeiro comanda aos exércitos do raio rosa da Chama Trina que externaliza a Obra de Deus (ver também Introdução à Trimurti). Ganesha é a Deidade da prosperidade e da bem-aventurança no lar, protetor das famílias e parceiro de Saraswati a Lakshmi em mais um ternário co-criativo (ver também Saraswati, Lakshmi e Ganesha). Ele é reverenciado e adorado em muitos Templos, e antes de se realizar qualquer outra adoração às Deidades principais de muitos santuários, adora-se à figura de Ganesha. Shiva é também pai de Ayyappa, outra Divindade, a qual nasceu do sêmen que Rudra derramou quando se apaixonou por Mohini, encarnação feminina do próprio Vishnu e, portanto, uma manifestação da unidade de Krishna com sua Shakti. Rudra também se manifesta em meio aos eventos que envolvem a descida de Vishnu ao planeta como Rama, quando Hanuman se faz presente como uma encarnação de um aspecto de Shiva.
Este Casal Divino deve ser compreendido na lógica da unicidade de todos os aspectos do Supremo Senhor, os quais se manifestam a fim de dar movimento à realidade, procedendo à dinâmica que molda à vida. A Dança Cósmica de Shiva, que é frequentemente acompanhada por Parvati, representa esta dinâmica, a qual é assegurada por meio dos ciclos de destruição, que existem para assegurar à sustentação da ordem que se dá através da criação. A energia que é personificada em Maheswara é fundamental para a transmutação, e daí a importância da imagem, do humor e da energia dele e de sua consorte para os mecanismos totalitários que contém a tudo o que existe. Tais aspectos de ambos vibram na forma da Shiva Lingam, que é adorada em muitos Templos, como a Deidade que contém em si a união das energias masculina e feminina de Deus.
Conteúdo obtido por sintonização com a energia de Sri Adi Shakti, através de Valéria Moraes Ornellas, e originalmente publicado neste blog.